É considerado um recém-nascido pré-termo – popularmente conhecido como prematuro – aquele que nasce antes da 37ª semana de gestação, isto é, com menos de 259 dias. Essa condição é a principal causa de morbidade e mortalidade neonatal, responsável por 75% a 95% de todos os falecimentos de bebês prematuros não associados a más-formações congênitas.
Outra forma de classificar os prematuros é de prematuro extremo (menores de 28 semanas), prematuros moderados (entre 28 e 31 semanas) e leves (entre 32 e 36 semanas). O fato de nascerem antes do tempo determinado como ideal para completar a gestação pode fazer com que esses bebês precisem de cuidados especiais logo após o parto. Afinal, “o incompleto desenvolvimento dos órgãos pode deixá-los mais vulneráveis a infecções ou outras complicações de saúde", explica a Dra. Ana Amélia Meneses Fialho, neonatologista e coordenadora da UTI Neonatal da Maternidade Brasília. O cuidado com esses pequenos deve ser oferecido em um espaço específico que apresentaremos a seguir.
Como funciona a UTI Neonatal da Maternidade Brasília?
Trata-se de um espaço reservado especialmente para o cuidado de bebês prematuros ou mesmo os que, apesar de terem nascido a termo (a partir de 37 semanas), necessitem ficar em observação após o nascimento. Olhando de longe, uma UTI neonatal lembra um berçário para recém-nascidos. Porém, várias características tornam esse espaço importantíssimo para o cuidado com os recém-nascidos. O trabalho de uma equipe multidisciplinar possibilita, além da assistência médica em si, atendimento em fisioterapia, enfermagem, terapia ocupacional e até mesmo psicologia para auxiliar a família durante a internação do neném.
Essa equipe faz uso de equipamentos de alta tecnologia para obter informações precisas sobre o estado de saúde do pequeno e, assim, tomar as melhores decisões na condução dos casos.
Aparelhos da UTI neonatal
Muitos são os equipamentos usados na UTI neonatal. A seguir, vamos falar sobre os principais instrumentos que auxiliam no cuidado desses pequeninos.
Incubadora
A incubadora neonatal é um equipamento que proporciona a um recém-nascido um ambiente termoneutro, com controle do fluxo de ar interior, da umidade e da temperatura.
Monitores cardíacos
Os monitores cardíacos auxiliam no acompanhamento dos sinais vitais da criança. Eles são conectados ao bebê e acompanham a pressão arterial, o índice de oxigenação e o ritmo do batimento cardíaco. Assim, ajudam na identificação de qualquer anomalia nesses parâmetros, notificando a equipe para uma intervenção rápida.
Monitores respiratórios
Os monitores respiratórios são fundamentais para o acompanhamento das funções pulmonares do pequeno.
Aleitamento materno em UTI neonatal
O leite materno é considerado o alimento padrão ouro para os bebês e deve ser a fonte exclusiva de alimentação até os seis meses de vida. Mas, em geral, há duas coisas que acontecem quando uma mulher tem um parto prematuro: o leite pode não ter descido ainda e o bebê pode não ter “força" suficiente para sugar o peito. Nesses casos, os recém-nascidos podem ser alimentados por meio de sonda durante a internação. Na Maternidade Brasília, isso é feito com o uso das doações feitas ao Banco de Leite da maternidade. Enquanto isso, a mamãe pode estimular a produção de leite dela, ordenhar e armazenar o conteúdo. Dessa forma, depois da alta médica, o pequeno poderá finalmente mamar no peito da mãe.
Quanto tempo o bebê deve ficar na UTI neonatal?
O tempo de internação varia de acordo com o quadro clínico de cada bebê. Porém, os médicos determinam alguns critérios para definir a alta da internação.
É fundamental ter em mente que um pré-requisito para a alta segura desse bebê é, em primeiro lugar, o fato de ele poder contar com uma família totalmente ciente da importância de seguir todas as recomendações médicas durante o retorno para casa, motivada e envolvida com os cuidados básicos com o recém-nascido.
Depois de considerar esse fato, listamos os requisitos básicos que um neném prematuro deve preencher para receber alta médica da Unidade de Terapia Intensiva Neonatal.
- Peso mínimo de 1.600 gramas, segundo as normas do Atendimento Humanizado ao Recém-Nascido de Baixo Peso do Ministério da Saúde. Recomenda-se, como regra para uma alta mais segura, com exceções em casos particulares, um peso acima de 1.900 gramas.
- Capacidade de manter a temperatura corporal normal em um berço simples.
- Ausência de apneia ou bradicardia há, pelo menos, cinco dias antes da alta.
- Apresentar, por pelo menos dois dias consecutivos, um ganho de peso diário superior a 15 gramas por quilograma de peso por dia.
- Tolerância alimentar adequada, por via oral, sem apresentar cianose, engasgo ou dificuldade respiratória.
“Um bom plano de alta não deve ser delineado para apenas alguns dias de sua realização; deve ser planejado e exige o preparo dos pais ou responsáveis já na Unidade de Risco Intermediário, quando o prematuro ou o recém-nascido doente permanece estável, tolera a alimentação enteral e inicia a sua recuperação", alerta a especialista da Maternidade Brasília.
A médica defende que esse preparo envolve o incentivo ao aleitamento materno e a introdução progressiva da família nos cuidados rotineiros do recém-nascido, sob a supervisão e a orientação da equipe de saúde, de forma que, em casa, a mesma qualidade do cuidado continue a ser oferecida.
Acompanhamento após a alta da UTI neonatal
“Indicamos para as mamães em questão seguirem um checklist individualizado, a depender da necessidade de cada bebê, que contenha orientações e procedimentos rotineiros nos quais os pais e, em especial, a mãe devem estar treinados e bem habilitados", aponta a médica. Os principais são:
- banho;
- troca de fraldas;
- lavagem das roupas;
- alimentação ao seio e sua complementação com copinho (quando indicado);
- administração de medicamentos por via oral;
- tomada de temperatura corporal;
- desobstrução nasal;
- reconhecimento de situação em que o bebê não está bem (saiba mais a seguir);
- em alguns serviços, é feito treinamento em manobras de ressuscitação básica e a habilidade no uso de cadeiras de transporte em carro.
Infelizmente, dados comprovam que o recém-nascido prematuro tem quatro vezes mais risco de reinternação durante o primeiro ano de vida. De acordo com a Dra. Ana Amélia, as principais causas são apneia, broncoaspiração, distúrbios respiratórios, diarreia, infecção do trato urinário, redução importante do ganho ponderal e anemia grave com necessidade de transfusão de sangue.
Daí a importância de monitorar cada detalhe do dia a dia desse pequeno, além de seguir minuciosamente todas as recomendações médicas após o momento da alta. “Se os cuidados não forem mantidos, corre-se o risco de diversas complicações tardias, como déficit de desenvolvimento na falta de estimulação precoce; recorrência de fraturas se não houver controle de osteopenia da prematuridade; problemas respiratórios, entre outros", reforça a médica.
Apesar de todos os riscos de complicações por intercorrências ou doenças graves, os esforços de nossa equipe multidisciplinar, composta por médicos neonatologistas; cardiologistas; neurologistas; cirurgiões pediatras; pneumologistas; enfermeiros; técnicos de enfermagem; fisioterapeutas; terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos, além de nutricionistas clínicos e farmacêuticos clínicos, têm tornado a sobrevida dos bebês prematuros cada vez maior e com menor incidência de sequelas.
Redobre a atenção aos sinais de alerta
Além dos cuidados básicos mencionados anteriormente, após a alta do recém-nascido, os familiares também precisam estar atentos à ocorrência de qualquer sinal de alerta, isto é, determinados sintomas de saúde que indicam a necessidade de procurar imediatamente o serviço médico de urgência, independentemente da data do retorno agendada. São eles:
- cianose (lábios ou ponta dos dedos arroxeados);
- palidez;
- dificuldade respiratória ou apneia;
- recusa alimentar;
- hipoatividade;
- hipotermia ou hipertermia;
- tremores ou convulsões;
- choro fraco ou gemência;
- vômitos frequentes;
- distensão abdominal;
- diurese inadequada;
- surgimento ou piora da icterícia;
- sinais de desidratação;
- choro inconsolável.
Ressaltamos ainda alguns sinais, relativamente comuns em recém-nascidos, que NÃO demandam buscar atendimento emergencial:
- soluços;
- bocejos;
- espirros;
- regurgitação ocasional;
- esforço ao evacuar se as fezes são amolecidas;
- borborigmos (ronco na barriga);
- tremores do queixo ou dos lábios;
- agitação dos braços e das pernas quando o bebê chora;
- ruídos com breve endurecimento do corpo;
- congestão nasal leve em ambientes secos.
UTI Neonatal da Maternidade Brasília
“A construção de planos de cuidados individualizado para cada prematuro faz parte de boas práticas clínicas. Por isso, contamos com uma equipe multidisciplinar de excelência, que cuida dos pequenos sem se esquecer do apoio aos pais em tempo integral. Possuímos equipamentos de ponta para suporte às necessidades dos prematuros, inclusive diversas opções relativas a cuidados com proteção do sistema nervoso central e adequações à assistência respiratória e nutricional. Além disso, todos os protocolos assistenciais são seguidos, com respeito às individualidades de cada paciente", finaliza a Dra. Ana Amélia.
O cuidado com o ambiente físico, como a diminuição de estímulos sonoros e visuais, e o agrupamento de cuidados – em que os profissionais tocam os recém-nascidos ao mesmo tempo, para que o número de estímulos táteis no dia seja reduzido – também são muito importantes no cuidado desses prematuros.
A Maternidade Brasília preza pelo acolhimento ao bebê e à sua família, pelo respeito às individualidades, pela promoção de vínculos, pelo envolvimento da mãe nos cuidados do recém-nascido, pelo estímulo e suporte ao aleitamento materno e pela construção de redes de suporte.
Afinal, entendemos que o sucesso do tratamento de um prematuro não é determinado apenas pela sua sobrevida, mas também pela qualidade de vida que ele terá com a sua família.
Para saber mais sobre a nossa UTI Neonatal, acesse: www.maternidadebrasilia.com.br